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Como funcionam os bancos de olhos, a doação e o transplante de córnea?

transplante de córnea

O QUE É A CÓRNEA? QUAIS AS SUAS FUNÇÕES?

A córnea é um tecido translúcido, fino e resistente localizado na superfície do olho. Por revestir o globo ocular, ela se torna a primeira interface que a luz atravessa. Desse modo, além de proteger os olhos de ameaças externas, a córnea funciona como uma porta de entrada para a luz, que será focalizada primeiro por essa membrana. Outras partes do olho responsáveis pelo foco são a íris e a pupila, e só depois de passar por elas a imagem chegará ao destino final: a retina.

Uma característica marcante da córnea é o fato de ser um tecido avascular, ou seja, sem a presença de vasos sanguíneos. A nutrição da membrana é mantida somente pelo humor aquoso, pelo filme lacrimal e por difusão de vasos presentes no limbo. Para além disso, a curvatura da córnea influencia diretamente na refração ocular, sendo uma das estruturas do olho mais responsáveis por determinar o grau dos óculos de um paciente.

 

COMO É FEITO O TRANSPLANTE DE CÓRNEA?

Para ser submetido ao transplante de córnea, o paciente passa por anestesia local, além de ficar sob sedação intravenosa. A depender do caso, o especialista pode solicitar a anestesia geral. O procedimento é indolor e, normalmente, não necessita de internação hospitalar, com a liberação do paciente ocorrendo após um breve repouso. 

Através do microscópio cirúrgico, o oftalmologista faz a medida exata do olho para definir a área do transplante. Desse modo, a córnea doente é retirada por um método de incisão circular.  A córnea saudável é colocada na área demarcada e fixada através de suturas. Em geral, o processo de transplante completo dura em média uma hora. Caso haja necessidade de realizar algum procedimento complementar, como cirurgia de catarata, glaucoma ou de retina, a operação pode ser realizada junto com o transplante.

PARA QUAIS CASOS É INDICADO UM TRANSPLANTE DE CÓRNEA?

Na maioria dos casos, o transplante de córnea costuma ser necessário em três situações: ruptura da membrana, mudança na sua curvatura e opacidade. A perfuração ocular decorre, normalmente, de acidentes e pancadas na região do olho. Em relação às patologias associadas à curvatura, as principais são: 

  • Ceratocone – doença não inflamatória que afeta a estrutura da córnea, provocando redução progressiva na espessura da parte central dessa membrana. Ela é empurrada para fora do olho, formando uma saliência similar à forma de um cone.
  • Degeneração marginal pelúcida – familiar ao ceratocone, esse problema ocular causa uma deformidade mais periférica no formato da córnea, tornando-a mais fina e protrusa.
  • Ceratoglobo – condição rara, essa doença é caracterizada pelo afinamento difuso da córnea, tornando-a  convexa e com um diâmetro aumentado.  
  • Ceratopatia bolhosa – problema ocasionado por edema na córnea, decorrente da falha do endotélio corneano.

Além disso, como comentado, o distúrbio na opacidade dessa membrana — conhecido também como leucoma — acaba por ser uma das causas em que o transplante é indicado. Isso porque a função da córnea é semelhante à do vidro de um relógio: necessita ser resistente para proteger seus ponteiros e, principalmente, transparente para que seja possível ver as horas.

Caso a córnea perca sua transparência, o paciente não enxergará nitidamente e, em alguns quadros, poderá até mesmo perder a visão por completo. Há alguns problemas que são interligados ao leucoma corneano e, consequentemente, o tratamento recomendado é a realização do transplante, como distrofia e úlcera de córnea.

 

QUAIS OS TIPOS DE TRANSPLANTE DE CÓRNEA?

O globo ocular não pode ser transplantado por inteiro. Existem apenas alguns tecidos que podem ser utilizados para tratar as patologias oculares. Isso quer dizer que, além da córnea, o paciente também pode receber do doador a esclera e as células-tronco da córnea.

O que poucas pessoas têm conhecimento é que o transplante de córnea não precisa ser feito com toda a sua espessura. Isso significa que é possível transplantar apenas uma parte da córnea. Conheça os três procedimentos realizados pelos oftalmologistas:

Transplante de córnea penetrante

A córnea é formada por cinco camadas: epitélio, membrana de Bowman, estroma, membrana de Descemet e endotélio. O transplante de córnea penetrante ou ceratoplastia penetrante caracteriza-se por substituir a espessura completa da córnea, ou seja, todas as cinco camadas. Por trazer mais riscos de rejeição, essa cirurgia só é usada em casos em que todas as partes da córnea foram afetadas.

Transplante de córnea lamelar

Diferente da ceratoplastia penetrante, o transplante de córnea lamelar proporciona menos riscos de rejeição e complicações a longo prazo, pois trata-se de uma cirurgia substitui apenas uma parte da córnea. O procedimento é recomendado para tratar patologias que afetam a região anterior e o estroma corneano, como o ceratocone.

Transplante de córnea endotelial

Com o objetivo de evitar a remoção total da córnea, a ceratoplastia endotelial substitui apenas a parte interna do olho, o endotélio e membrana de Descemet, que foi prejudicada. Algumas das doenças oculares que requerem esse tipo de operação são a ceratopatia bolhosa e a distrofia de córnea.

COMO É A RECUPERAÇÃO APÓS UM TRANSPLANTE DE CÓRNEA?

Após a cirurgia, o paciente apresentará baixa visão que, normalmente, dura entre 6 a 12 semanas. Apesar da visão se restabelecer depois de um tempo, é possível que o paciente precise usar óculos pela vida toda. Além disso, há alguns cuidados que precisam ser adotados para ajudar na recuperação pós-cirurgia. Confira as recomendações: 

  • Utilizar colírios de acordo com a prescrição médica;
  • Não esfregar ou pressionar o olho operado;
  • Usar óculos ou curativos no olho que passou pela cirurgia, seguindo o aconselhamento do oftalmologista;
  • Abster-se de exercícios físicos e relações sexuais;
  • Evitar dormir sobre o lado do olho operado;
  • Não usar maquiagem na região dos olhos.

Nos primeiros dias de recuperação, antibióticos e anti-inflamatórios na forma de colírios são indicados por especialistas a fim de controlar a dor e possíveis infecções. A cicatrização completa leva em torno de 12 meses. Após esse período, o oftalmologista pode retirar os pontos cirúrgicos e, em alguns casos, os fios são mantidos permanentemente. Entretanto, isso não é um problema. Afinal, os nós da sutura ficam para dentro da córnea doadora, logo não causam nenhum desconforto ocular ao paciente.

Compatibilidade e risco de rejeição

Por não apresentar vasos sanguíneos em seu tecido, não há necessidade de realizar exames específicos de compatibilidade para o transplante de córnea. Dessa forma, diferente de outros órgãos e tecidos do corpo, a córnea pode ser rapidamente doada para a pessoa que está à espera dessa membrana.

O transplante de córnea é um procedimento rápido que possui uma alta taxa de sucesso. Porém, como toda cirurgia ocular, o transplante é extremamente delicado e traz seus riscos. Contudo, eles não oferecem perigo iminente a vida. Apesar de serem situações raras, durante o processo operatório há possibilidade de ocorrer hemorragias e infecções no olho. Além disso, complicações podem surgir a longo prazo, como a falência e a rejeição da córnea doada.

Nos casos de falência, a córnea tornar-se opaca e precisará ser substituída por uma nova. Já em quadros de rejeição, quando detectados prematuramente, a correção é feita por tratamento clínico que, geralmente, tem altas margens de sucesso. Entretanto se não há sinais de melhora, o paciente também deverá passar por uma nova cirurgia a fim de substituir a córnea.

Outra condição que a pessoa pode desenvolver após vários anos é o astigmatismo, que provoca distorções na visão. Na maioria dos casos, esse problema ocular é facilmente corrigido com o uso de óculos ou lentes de contato. Além disso, outras complicações graves que podem aparecer são o descolamento da retina, catarata, glaucoma secundário, irregularidade pupilar, infecção endocular e edema macular.

O QUE SÃO BANCOS DE OLHOS?

Bancos de olhos são entidades sem fins lucrativos, responsáveis por todas as etapas de processamento dos tecidos oculares doados, desde a sua retirada, avaliação e armazenamento até a sua distribuição. Desse modo, toda córnea doada passa por uma rigorosa avaliação, com o objetivo de evitar a transmissão de doenças infecciosas e assegurar a boa condição do tecido que será transplantado.

Todos os bancos de olhos obedecem às Normas Médicas Internacionais. No Brasil, em específico, essas instituições também seguem os padrões das Normas Técnicas para o Funcionamento dos Bancos de Olhos, aprovado pela ANVISA e pelo Ministério da Saúde. 

COMO ENTRAR NA LISTA DE ESPERA POR UMA CÓRNEA?

A lista de espera é uma lista única para um estado ou região que tem como objetivo facilitar o acesso dos pacientes ao transplante. O funcionamento respeita a ordem cronológica de cadastro, a fim de evitar favorecimentos por preferências pessoais e condições econômicas. Esse controle é realizado pela Central de Transplante de cada estado, todas elas integradas ao Sistema Nacional de Transplantes (SNT), que é ligado ao Ministério da Saúde.

Há situações especiais em que é possível acelerar o transplante de córnea, ou seja, não seguir a ordem cronológica de cadastro. Em casos urgentes, é priorizada a gravidade do quadro, em vez do tempo de espera. Podem ser considerados casos de urgência as perfurações oculares e infecções graves sem resposta ao cuidado clínico.

Para ingressar nessa lista, o primeiro passo é agendar uma consulta com um oftalmologista a fim de averiguar sua situação. Caso o transplante seja necessário, o médico irá prescrever o pedido para a Central de Transplante do seu estado. Assim que a solicitação for feita, a Central irá informar a posição do paciente na lista.   

O QUE É PRECISO PARA SER DOADOR DE CÓRNEA?

Após o falecimento, toda pessoa é uma potencial doadora de córnea. No entanto, é preciso analisar a causa da morte, a idade e obter a autorização de familiares. De acordo com a legislação vigente, o doador deve ter entre dois e 80 anos, além de haver a necessidade da família autorizar a doação.

Por isso, a pessoa que tem interesse de doar seus órgãos precisa informar seus parentes a respeito dessa vontade. Desse modo, quando o momento chegar, os familiares terão mais segurança da decisão que estão tomando e podem comunicá-la mais rapidamente ao médico responsável, para que os procedimentos necessários sejam realizados.

Condições do doador

Como dito anteriormente, após a morte, qualquer pessoa é um potencial doador de córnea. Basta que esteja dentro dos limite de idade estabelecidos e que tenha expressado aos seus familiares sua vontade de ser um doador. Diferente de alguns órgãos, não há restrição quanto a alguma cirurgia feita anteriormente pelo doador, nem se ele é portador de alguma doença ocular, como glaucoma, e de problemas oculares, como miopia e astigmatismo.

Além disso, toda córnea doada é encaminhada ao banco de olhos. Nessa instituição, o tecido ocular passa por um rigoroso processo de análise, a fim de identificar o estado do material e se há a presença de alguma doença infecciosa, como aids ou hepatite, por exemplo.

Termo de autorização de doação

De acordo com a legislação brasileira, não há garantias efetivas que expressem a vontade do doador além da confirmação dos seus parentes. Por isso, no Brasil, a doação de órgãos e tecidos só é realizada após a autorização da família. Essa é a razão pela qual é tão importante que as pessoas interessadas em doar conversem abertamente sobre o assunto com seus familiares.

Após a família estar ciente sobre essa vontade, ela precisa assinar o termo de autorização de doação de órgãos e tecido, a fim de conceder a remoção da córnea para o transplante. As pessoas autorizadas a assinar esse termo são parentes em primeiro grau, cônjuges ou tutores comprovados, sendo que no caso de filhos e netos, eles precisam ser maiores de idade. 

Além disso, também é possível que parentes de segundo grau autorizem a remoção de órgãos e tecidos, porém será necessário registrar a razão do impedimento dos familiares de primeiro grau em realizar essa ação. A vontade do doador, quando expressamente registrada, também é aceita, em casos de decisão judicial.

Recomposição do corpo do doador

A remoção das córneas do doador falecido não causa nenhuma mudança na aparência do corpo. O procedimento é simples e emprega técnicas cirúrgicas, de modo que a retirada do tecido ocular não deixa sequelas estéticas. Além disso, a vantagem da córnea em relação a outros órgãos transplantados é a captação rápida do tecido após a morte do indivíduo.

Causas impeditivas da doação

Em geral, há poucas causas impeditivas para o transplante de córnea. Afinal, esse tecido é avascular, e pacientes com doenças oculares e distúrbios na visão também podem fazer a doação. As contraindicações para esse transplante são:

  • Patologias malignas no olho.
  • Doenças linfoproliferativas crônicas, como leucemia, linfoma e mieloma.
  • Aids.
  • Hepatites B e C.
  • HTLV 1 e 2.
  • Doenças infecciosas ativas no organismo. 

É POSSÍVEL ESCOLHER PARA QUEM DOAR?

A lista de espera regulada pelo SNT possui critérios de tempo de espera e urgência para realização da cirurgia, de modo que a família do doador não pode escolher para quem irá a córnea doada. A finalidade da lista é justamente evitar favorecimentos e tornar esse processo acessível de forma igual para todos que estão com problemas na visão. 

O transplante de córnea é essencial para que as pessoas possam recuperar a capacidade de enxergar e levar uma vida normal sem limitações. Na lista de espera, também é possível encontrar crianças e adolescentes que estão no aguardo dessa doação. Por isso, divulgar a importância do transplante de córnea, assim como de outros órgãos e tecidos, tem um papel fundamental para aumentar o número de doações. A sua córnea pode ter mais de uma vida! Caso deseje ser um doador, lembre-se de conversar com sua família.

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